1 ano de pandemia. E agora, Cristina?

Estamos fazendo hoje 1 ano de pandemia. Filhos sem aulas presenciais, loja sem clientes visitando, alegria e espontaneidade sumiram e, em seu lugar , entraram a culpa e o medo. Milhares de vidas perdidas dia após dia, em um contador macabro que parece não ter fim. O fundo do poço tinha alçapão.

Ainda estou viva , ainda tenho trabalho, ainda tenho casa, comida, luz, água e muito, muito mais. Meu pai e meus irmãos já foram vacinados e fazem parte da parcela ínfima da população mundial já contemplada pela vacina. Governantes parecem atuar em algum tipo de pegadinha de mau gosto.

Nos últimos dias , percebi meus amigos e amigas tristes, sem esperanças em nada. Sensação de enxugar gelo, sabe?

Vai passar, a gente repete mentalmente e se distrai com mil coisas, mas a sombra da morte ( da morte mesmo, não em sentido figurado) está sempre presente, rondando e amargurando nossos dias. Lá em casa vamos começar mais uma rodada de aniversários .

Eu estou ancorando minha mente na rotina. No trabalho mesmo, nas coisas da casa e no mundo bem próximo a mim. Pensando globalmente, agindo localmente. Enxergando tudo o que tenho, focando no positivo, mas confesso que tem dias que é difícil e dá vontade de sair xingando geral.

É hora da disciplina, da fé, da tão falada gratidão. É hora de comprar daquele ambulante um salgado que você nem quer, um pano de prato que não precisa, uma rifa. Povo brasileiro: ainda bem que a gente tem a gente. Brasileiro já nasce herói. A gente ri de desespero, de tão sem sentido algumas coisas são. Ri porque não sabe mais o que fazer. Depois chora e reage, vai dar um jeito de trabalhar, mas é triste. Estamos todos desamparados.

Não sei quanto tempo mais isso vai durar.

Quando acabar, quero estar do lado dos vivos, se possível. E do lado dos que souberam ceder um pouco, com paciência, no amor.

Homem Negro Chateado Irreconhecível Sofrendo Em Casa

Bingo da pandemia

Bingo da pandemia Sebo Bis (qualquer semelhança com a minha realidade é mera coincidência). Conte um ponto para cada sim, e me conta quantos pontos você fez.

Nesse isolamento:

  1. Nunca lavou tanta louça na vida.
  2. Começou a admirar mais ainda os professores. 
  3. Ressuscitou jogos de tabuleiro e videogames antigos, mas ninguém quis jogar.
  4. Começou a montar um quebra cabeça, mas não finalizou. 
  5. Não lembra mais como é usar cabelo solto.
  6. Fez inscrição em vários cursos online gratuitos. 
  7. Prometeu que ia ler um livro por semana, no mínimo. De preferência, super clássicos. 
  8. Também fez inscrição em alguns cursos pagos. Isso foi em março. Agora é julho e você não começou alguns deles. 
  9. Planejou estudar música e/ou inglês. 
  10. Fez pães e bolos. 
  11. Bebeu mais álcool do que tinha planejado pro ano todo. 
  12. Engordou, no mínimo, uns 5 Kg. De músculos, é claro. 
  13. Planejou usar os equipamentos de ginástica que tem em casa. Adquiriu mais alguns online. 
  14. Fez aulas de ioga online. 
  15. Tentou meditar pra não enlouquecer. Enlouqueceu, mesmo meditando.
  16. Quis escrever um diário, que será um bestseller no futuro. 
  17. Não aguenta mais ficar grudado no celular 8 horas ao dia. 
  18. Aprendeu a usar o Zoom, o Meet, as chamadas do Whats. 
  19. Conheceu todos os serviços que fazem entrega. 
  20. Valorizou o pão fresquinho de todo dia, sem que seja preciso uma desinfecção geral ao voltar pra casa. 
  21. Esqueceu como é usar batom e maquiagem. 
  22. Faxinou tudo no início do isolamento, e em sete dias estava tudo mais sujo que antes. 
  23. Está louca pra cortar o cabelo e fazer a unha. 
  24. Sua sobrancelha tá igual à da Monga, e sem previsão de melhora.
  25. Fez Botox, pagou caro e não saiu nem pra padaria. 
  26. Começou toda trabalhada (o) na calma e paciência, mas já passou por várias fases de ódio. 
  27. A internet da sua casa tá sobrecarregada. 
  28. Não perde a esperança.  
  29. Já planejou mil viagens, mas sabe que quando tudo acabar vai ficar em casa mesmo, porque vai continuar sem dinheiro pra sair. 

Imagem Pinterest Vogue

 

Você julga pela capa?

Não julgue o livro pela capa. 

Ou então o contrário: por fora bela viola, por dentro, pão bolorento, já diziam as nossas avós. 

Em meu trabalho de livreira, tenho o prazer de conviver com pessoas incríveis e que são as melhores para dar dicas de livros, filmes e música. Itens que eu nunca pegaria para ler, ver ou ouvir se revelam preciosidades.  

Uma delas foi o livro “Caim e Abel”, de Jeffrey Archer. Nada a ver com a história bíblica, é só um trocadilho com os nomes dos protagonistas.  

O livro alterna as histórias de dois personagens. Um, nascido milionário, filho de um banqueiro. Outro, órfão polonês, enfrentando as mais duras batalhas pela sobrevivência em campos de concentração e uma vida marcada pelo sofrimento e luta. Como a vida de ambos se cruza nos EUA, só lendo para saber.  

Capa cafona, livro antigo e que poderia muito bem estar na pilha de descartes do sebo. Graças a uma recomendação certeira, ganhou nova vida em minha mente e, é claro, já lembrei de uma cliente que vai curtir muito a leitura. Da minha casa irá para a dela, e quem sabe para a sua.  

Conta pra mim, você julga o livro pela capa? 

Já teve boas surpresas? 

 

Quer começar a ler? Agatha Christie é uma boa opção.

Livro Os Crimes Abc - Capa Dura Agatha Christie - R$ 13,99 em ...

Por Nara Pedrezzini, ávida leitora. Cliente e amiga do Sebo Bis.

Quando penso em suspense policial, dois nomes vêm a minha mente: Agatha Christie e Harlan Coben. Exaltando a rainha do crime, autora das melhores histórias que envolvem muito mistério, pistas e reviravoltas, Agatha Christie é um ótimo caminho para quem deseja começar a ler. É muito interessante ler os livros na ordem cronológica mas, para quem está começando, qualquer livro é um ótimo começo. O primeiro que eu li foi “Os Crimes ABC” e é muito bom, mas hoje, após ler tantos outros, eu indicaria “O Assassinato de Roger Ackroyd” e “E Não Sobrou Nenhum”.
O primeiro é um caso do famoso detetive Hercule Poirot, icônico, com um final surpreendente (digno de novela das 21h).
O segundo livro se passa em uma ilha, chamada de Ilha do Soldado, onde dez pessoas são convidadas por um homem a irem até lá. Desde a chegada, coisas estranhas começam a acontecer. Já no jantar o suposto anfitrião não aparece e, através de um som, ele dá boas-vindas e começa acusar, cada um dos personagens de cometerem algum assassinato e, assim, acontece a primeira morte. O título vem do poema apresentado no livro e que narra as mortes. Desde o princípio ficam as questões: Será que alguém sobrevive? Quem é o misterioso anfitrião? Como sair da ilha? Com um final surpreendente, tenho certeza que você vai gostar da narrativa e ficar preso até o final.

A ERA DA BURRICE

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A revista Superinteressante ainda é um oásis em meio a tantas revistas  com conteúdo raso  e sem graça. A grave crise que afeta as editoras de revistas não fez baixar a qualidade da Super. A cada mês traz um tema importante na capa, com reportagens aprofundadas e ao mesmo tempo divertidas e acessíveis. É uma revista para ler, reler, emprestar e recomendar, que é o que venho fazer hoje. Se estiver perto da banca, dá tempo de voltar.

Em uma de suas últimas edições, a capa traz uma manchete assustadora, e transcrevo abaixo uma pequena parte da matéria: “A era da burrice. Você já teve a impressão de que as pessoas estão ficando mais burras? Talvez não seja apenas impressão. Estudos realizados em vários países apontam que, pela primeira vez na história, a inteligência humana começa a cair. Entenda os possíveis motivos- e as consequências disso. Discussões inúteis, agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando disso. Parece que o mundo está mergulhado na burrice. Os primeiros sinais vieram da Dinamarca, onde os homens que se alistam são submetidos a um teste de QI. Os dados revelaram que, depois de crescer sem parar durante todo o século 20, o índice está descendo a cada década. As pessoas nunca leram e escreveram tanto, mas estão lendo e escrevendo coisas curtíssimas.” A presença dos celulares, mesmo desligados, nos tira a atenção e o foco do que estamos fazendo. A matéria ainda fala sobre os testes de QI, sobre o viés de confirmação, que é  a tendência que a mente humana tem de abraçar informações que apoiam suas crenças, e rejeitar dados que as contradizem .  E sobre o efeito Dunning-Kruger : que nos explica que quase toda pessoa se acha mais inteligente do que as outras. Acha que toma as melhores decisões e sabe mais sobre todos os assuntos. Que eu, você e o mundo inteiro possamos sempre evoluir, é o que desejo.

PESSOAL E INTRANSFERÍVEL

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Sabe quando você pega um livro despretensiosamente? Levei para casa “Pessoal e intransferível – certas histórias da maturidade”, de Sylvia Leal e Regina Protasio – com a sensação que não seria nada de mais. Mulheres de 50 anos ou mais relatando suas experiências de vida, mas como diz Lya Luft já no prefácio: “que mulheres, e que relatos! Para quem reflete sobre o valor da vida, a passagem do tempo como crescimento e não deterioração, o livro é sedutor. Foi escrito a sangue e fogo, e o invisível material da coragem. Que, exercida para compensar o nosso medo, nos faz tão humanas.”

Maria Adelaide Amaral, Zezé Motta, Zezé Polessa, Sylvia Poppovic, Elba Ramalho, Tizuka Yamasaki  e tantas outras nos contam a respeito de seu passado e principalmente seu presente e planos para o futuro. De uma geração que, pela primeira vez, teve uma expectativa de vida muito maior que as anteriores, elas desbravaram terrenos até então inexplorados. Enfrentaram situações até então consideradas tabus nas áreas da vida profissional, familiar, sonhos e planos (sem data de validade), vida sexual, contraceptivos, reposição hormonal. Foram pioneiras em quase todos os aspectos. E nos contam aqui, em entrevistas curtas, grandes histórias. Tão diferentes em tudo, mas com tantos pontos em comum.

Pensando a maturidade como mais uma fase, não a “penúltima”.  Ajuda a fazer com que seja vivida plenamente, com intensidade, desejos, sonhos e projetos. As personagens entrevistadas refletem sobre suas conquistas, vivências, menopausa e envelhecimento. Depoimentos que inspiram e levam a  encontrar em nossas vidas a plenitude , felicidade e equilíbrio. Recomendo muito!

FEITO É MELHOR QUE PERFEITO

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Você já deve ter ouvido o dito popular que usei de titulo para esta coluna. Ela nos diz, de forma bem simples, para fazermos o que estiver ao nosso alcance agora. Sim, agora. Nem no passado, relembrando como era  bom “no tempo da vovó”, nem planejando para um futuro que nunca chega. O perfeccionismo muitas vezes é usado como desculpa para não agir nunca. É aquele defeito que no fundo as pessoas se orgulham em ter: “gosto de tudo limpinho, sou superprotetora, exigente”. Fingem estar se recriminando, mas na verdade estão se enaltecendo e desprezando os outros, os que fazem tudo “mal feito”.

Todo dia escuto que ninguém lê mais, antigamente liam muito, agora a meninada não quer nada com nada. Sério? E por qual motivo eu posso também fazer parte da turma que não quer nada com nada? Só quer notícias mastigadas, listas prontas, respostas prontas para tudo, quer que alguém se responsabilize por tudo? Não estaremos esperando condições ideais ilusórias para iniciarmos coisas simples? Uma leitura, uma amizade, oferecer um jantar, organizar uma feira de trocas de uniformes, de brinquedos, de discos, de livros? Formar uma família, abrir um pequeno negócio, fazer exercícios, pedir alguém em casamento? Não se trata de sermos inconsequentes pela vida, mas não estaremos idealizando demais? Querendo tudo como um conto de fadas? Enquanto espero o tênis, a roupa ideal, o exame de alta complexidade, acompanhantes, matrícula na academia, será que não posso apenas dar uma caminhada, fazer uns abdominais? Tempo é finito, e logo seremos  apenas  uma lembrança  na mente de nossos filhos e netos, ou nem isso. Fé sem obras é morta. E é CAMINHANDO que se faz o caminho. Rápido, devagar, com elegância ou aos trancos e barrancos.

COMUM OU NORMAL?

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O que seria um estilo de vida abundante, para você? Será pedir demais acordarmos  bem dispostos, conviver em harmonia com nossos familiares, levar os filhos na escola, ir trabalhar e gostar do que se faz?  Fazer bem-feito, ser reconhecido, ganhar mais do que o suficiente para sobreviver? Gostar dos colegas de trabalho, fazer exercícios, ter amigos, se alimentar bem. Gostar de voltar para casa, amar e ser amado pelo cônjuge, dormir bem?

Paulo Vieira, em seu livro “O poder da ação”, nos convida a refletir sobre a diferença entre o que é comum e o que é normal:

“Quando foi que paramos de acreditar em um estilo de vida abundante? Se observarmos uma criança emocionalmente saudável, ela vai falar de abundância em todas as suas brincadeiras, representando isso com suas bonecas felizes, cheias de filhos, também felizes. Ela terá a sua casa colorida cheia de amigos, fará comidinhas deliciosas. Quando foi que algo tão natural na nossa infância se tornou tão distante e utópico, a ponto de aceitarmos tudo da vida? Quando olhamos para a TV , a maioria dos filmes e diálogos entre as pessoas gira em torno de morte, dor, medo, perda, traição, tristeza, mentira, vingança, ódio, violência, inversão de valores, e assim por diante. “

Conteúdo emocional repetido à exaustão, nos fazendo acreditar que todo esse lixo compõe uma vida normal. Vamos nos anestesiando, sendo menos críticos, e aceitando o que é comum como se fosse o normal e esperado. A vida real é vivida aqui e agora, mas de modo algum deve ser um fardo difícil de carregar.

REGIONALISMOS

 

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Nosso país é vasto em território e  variado em seus sotaques e culturas. A maioria de nós conhece somente  alguns cantinhos do Brasil, e algumas vezes não conseguimos desbravar nem aquele local onde moramos há anos. Morei 27 anos no Rio Grande do Sul. Natural de Santa Maria, nascida no hospital universitário da amada UFSM. Formada na mesma  universidade que meus pais. Já moro há 18 anos em Itajubá, e ainda me surpreendo e me divirto com as diferenças na fala, na culinária e nos hábitos. Um pouco gaúcha, um pouco mineira, venho hoje trazer algumas expressões comparativas bem humoradas muito usadas lá no Rio Grande.

-. Mais perdida que cebola em salada de frutas

– Mais gorduroso que telefone de açougueiro

– Mais grosso que dedo destroncado

– Mais por fora que cotovelo de caminhoneiro

– Mais feio que indigestão de torresmo

– Mais faceiro que mosca em tampa de xarope

– Mais perdido que chinelo de bêbado

– Mais difícil que nadar de poncho

– Mais bonita que laranja de amostra

– Mais por fora que surdo em bingo

– Mais perdido que cachorro em dia de mudança

– Mais angustiado que barata de barriga pra cima

–  Mais nervoso que besouro atravessando o galinheiro

–  Mais amontoado do que uva em cacho

– Mais assustado que gato em dia de faxina

E assim poderíamos escrever as colunas do ano inteiro, só com regionalismos interessantes desse país tão rico e tão judiado. Aquele abraço, ou aquele “quebra costela” e até a semana que vem! Itajubá (como bem diz seu lindo hino) é terra de luz, terra querida. Simples e amiga, que faz de todo cidadão um novo irmão dos seus filhos. Sinta-se em casa, assim como eu me sinto. Tri legal, uai!

 

 

 

DICA DA SEMANA

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Esta semana venho recomendar duas séries na Netflix, caso você esteja precisando dar umas risadas. Sempre tenho bastante dificuldade  com comédias em geral.  Tudo me parece previsível, bobo  ou  apelativo, mas “Good Girls” e “Samantha” têm seu charme.

Em “Good Girls”, três amigas, mães de família, enfrentam problemas. Uma filhinha gravemente doente precisando de medicamentos caríssimos. O  ex-marido de outra pedindo a guarda da filha, alegando ter mais condições  financeiras e emocionais – a mãe é meio maluquinha mesmo- mas entende e apoia a filha como ninguém. A terceira acha que sua vida é um mar de rosas, mas descobre que o marido está falido e tendo um caso com a secretária. Com quatro filhos pequenos, vão perder a casa e tudo o que achavam que haviam construído. Cansadas de estarem sempre perdendo, elas decidem planejar um assalto a um supermercado. Acabam envolvidas com gangues, falsificação de dinheiro, e quanto mais tentam sair da confusão em que se colocaram, pior fica.

“Samantha”  foi a criança mais amada do Brasil. Era apresentadora mirim e um grande sucesso da TV.  A vida adulta não tem mais tanto glamour. Seu  marido , ex -jogador de futebol esteve preso e ela criou dois filhos sozinha. Boletos a pagar, rotina caótica fariam parte de um drama, não fosse a determinação  da protagonista em voltar a ser famosa, amada e relevante.  Os primeiros episódios não parecem promissores, mas insista, pois os demais são bem engraçados.